quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Entrevista a Erling Jepsen, autor de "A Arte de Chorar em Coro", no Ípsilon

Entrevista a ERLING JEPSEN, autor de A Arte de Chorar em Coro, saída no Ípsilon da passada sexta-feira (por José Riço Direitinho).
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Recensão a "A Arte de Chorar em Coro" no Ípsilon

Saiu, no Ípsilon de 4 de novembro de 2011, uma excelente recensão a A Arte de Chorar em Coro, de Erling Jepsen (por José Riço Direitinho).
«Este brilhante romance do dinamarquês Erling Jepsen, com toda a sua crueldade e ternura, compaixão e repulsão, é uma crítica ferocíssima a um mundo pervertido, à hipocrisia e à violência que por vezes, dissimuladas sob diferentes formas, incluindo a de ritos religiosos, se escondem na seriedade da instituição familiar. A história, por vezes de um naturalismo grotesco, contada pela voz ingénua de uma criança - mas de que, ao mesmo tempo, não está ausente um olhar perturbado e perturbante - vai descrevendo a monstruosidade sem a perceber, levada por uma espécie de amor cego (ou fé) pelo pai.»
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Recensão a “A Arte de Chorar em Coro” na PNETliteratura

Recensão a A Arte de Chorar em Coro, de Erling Jepsen, na PNET Literatura (por Mário Rufino). Para ler aqui: A Arte de Chorar em Coro na PNETLiteratura

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

“Quanto mais depressa ando, mais pequena sou”, de Kjersti Annesdatter Skomsvold – Sinopse e Primeiras Páginas

O nosso novo livro, Quanto mais depressa ando, mais pequena sou, de Kjersti Annesdatter Skomsvold, já está disponível para encomenda direta, com 10% de desconto. Estará nas livrarias em breve.
Título: Quanto mais depressa ando, mais pequena sou
Autor: Kjersti Annesdatter Skomsvold
Tradução: João Reis
Data de Publicação: outubro de 2011
ISBN: 978-989-8443-13-7
144 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 90g
Ficção Estrangeira: Romance
PVP: 14,31 €
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Kjersti Annesdatter Skomsvold nasceu em 1979, em Lutvann, perto de Oslo, onde cresceu. Este é o seu primeiro romance e com ele venceu o Prémio Tarjei Vesaas para primeira obra, em 2009.
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Mathea nunca foi boa a lidar com pessoas, excetuando o seu marido Epsilon. Agora que é uma idosa, começa a aterrorizar-se com a ideia de morrer sem que ninguém se tenha apercebido da sua existência. Um brilhante romance de estreia que se lê de um fôlego, com um invulgar sentido de humor e uma extraordinária capacidade para prender e comover o leitor.
“Uma excelente estreia literária!”
NRK
“Um belo romance sombrio sobre a inescapável solidão do ser humano. Uma tragicomédia de rara qualidade.”
Stig Sæterbakken
“Um fascinante pequeno romance que toca o seu coração de um modo adorável e não sentimental.”
Dagens Næringsliv
"Quanto mais depressa ando, mais pequena sou é uma belíssima pérola de romance de estreia."
Weekendavisen
“Esta estreia norueguesa domina tanto o cómico quanto o mórbido. Um romance surpreendente e encantador sobre a peculiar vida de uma peculiar mulher.”
Litteratursiden
“Uma tragédia comovente que o fará rir em alto e bom som… um livro terrivelmente engraçado sobre a solidão e a morte.”
Silje Bekeng, Klassekampen

Romance vencedor do Prémio Tarjei Vesaas 2009

Quanto mais depressa ando, mais pequena sou - primeiras páginas

(Clique no link acima para ler as primeiras páginas.)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Workshop de edição

Workshop de Edição

Casa da Cultura de Gaia

Dias 2, 9, 16, 23 e 30 de novembro,

das 17h30 às 19h30.

Cada dia corresponde a uma sessão diferente
Preço: Os interessados têm apenas de comprar um livro, à sua escolha, do nosso catálogo, diretamente à Eucleia (com 10% de desconto).
Para mais informações e inscrições, usar os seguintes contactos:
telefone: 92 225 97 92
Alguns dos temas abordados no workshop. que terá uma abordagem muito pragmática:
- Como criar uma empresa na área de edição?
- Análise do mercado e da concorrência.
- Determinação de público-alvo.
- Escolha de autores e análise de originais.
- Escolha de colaboradores.
- Como escolher uma gráfica e um designer.
- Como pedir orçamentos comparativos.
- Como negociar contratos de publicação de autores estrangeiros.
- Como se processa a distribuição.
- Sistema de vendas a firme e à consignação: o que são?
E mais...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Recensão a "A Arte de Chorar em Coro"

Primeira recensão a A Arte de Chorar em Coro, de Erling Jepsen, por Carla Ribeiro, no seu blogue As Leituras do Corvo. Para ler aqui: Recensão a A Arte de Chorar em Coro no As Leituras do Corvo

Recensão a «Livro Ruído», de Davi Araújo

Primeira e excelente recensão a Livro Ruído, de Davi Araújo, por Carla Ribeiro, no blogue As Leituras do Corvo. Para ler aqui: Recensão a Livro Ruído no blogue As Leituras do Corvo


«Não é fácil escrever uma opinião para um livro como este. Porquê? É que há tanto para dizer e, ao mesmo tempo, é tão difícil organizar uma linha de pensamento que reflicta bem o conteúdo deste livro que parece que, independentemente das palavras usadas, há sempre algo que fica esquecido. Mas tente-se, ainda assim.
Importa, antes de mais, referir a diversidade de temas e de imagens que, de poema em poema, se torna mais e mais evidente. Mudam-se imagens e cenários imaginários, percorrem-se diferentes estados de espírito, alinham-se palavras em jogos e metáforas surpreendentes. Há, em cada poema, um mundo para descobrir. E há também uma ligação que se insinua entre os vários poemas, deixando, no final da leitura, uma sólida impressão de unidade, apesar da já referida diversidade temática.
Mais que as imagens ou as impressões emocionais, destaca-se, contudo, a forma como o autor joga com as palavras, misturando vocábulos complexos e palavras do vernáculo, conjugando expressões num jogo de sons e, por vezes, construindo até um arranjo visual adequado ao conteúdo. Também isto contribui para que cada poema seja uma surpresa. E se a leitura por si só é já algo de surpreendente, a experiência de ler alguns dos poemas em voz alta resulta de forma no mínimo interessante.
Fica, pois, a impressão de uma poesia construída num estilo muito próprio e onde cada verso é uma descoberta. Interessante e surpreendente, eis um livro que vale a pena ler.»

Recensão a «Não Humano», de Osamu Dazai, no Diário Digital

Mais uma excelente recensão a Não Humano, de Osamu Dazai, desta vez por Mário Rufino, no Diário Digital. Para ler aqui: Recensão a Não Humano no Diário Digital
O particular Mundo «Não Humano» de Osamu Dazai
Texto: Mário Rufino
Osamu Dazai criou, em «Não Humano» (e em outros livros), agora editado pela Eucleia Editora, um mundo estranho e inóspito. Yozo, personagem principal, representa o que mais há de primário no ser humano. Ao entrarmos em «Não Humano» partilhamos os medos e obsessões do próprio autor. A sua vivência pessoal, a tentação contínua que o puxava para a morte (concretizado num duplo suicídio com a sua amante), as drogas, o álcool, sexo, tudo é exorcizado perante o leitor de uma forma honesta e, em consequência, cruel. Este tipo de ficção dita confessional levou a que o autor seja considerado um dos principais autores japoneses do século XX.

«A minha vida é vergonhosa.
Não consigo sequer imaginar como deve ser viver como um ser humano» (pag.13)


O que mais impressiona em «Não Humano» não é a descrição de violência física ou mesmo a tortura psicológica. O que mais impressiona neste livro é a indiferença à dor própria e alheia. A estrutural moral e social é outra, se é que existe. Yozo está sempre à margem das emoções (excepto de um medo primário de animal), não se envolve socialmente e vê o sentimento como um sintoma de doença.

« (…) alguns anos mais tarde, observei, em silêncio a violação da minha própria esposa.
Tentei, na medida do possível, evitar envolver-me nas complicações sórdidas do ser humano.» (pag. 61)


A personalidade é escondida atrás de inúmeras brincadeiras, palhaçadas segundo o próprio, impedindo o “outro” de o observar, de o conhecer. É uma vida representada, irreal.

O suicídio é uma obsessão pela qual se deixa seduzir por duas vezes. A primeira vez que se tenta suicidar, Yozo/Osamu é resgatado por um barco de pesca. Não o tentou sozinho. Uma mulher saltou com ele e afogou-se. Ele jamais conseguiu ultrapassar o sentimento de culpa. A necessidade/capacidade do autor se desnudar emocionalmente perante o leitor é autêntica e mostra a singularidade deste livro. «Não Humano» é um mundo à parte.

A simbiose entre ficção e realidade proporciona uma viagem da qual não queremos sair. O percurso de Yozo é, em essência e nos principais acontecimentos, paralelo ao de Osamu Dazai.

É importante mencionar que, ao analisar a estrutura do romance (confessional), o narrador não chega a conhecer a personagem. Ao sabermos que o enredo é muito moldado aos acontecimentos da sua vida, podemos especular que há, pelo menos, duas perspectivas no autor: Aquele que sofre e o que se analisa. E a separação entre ambos é dramática: «Nunca tinha visto tão impenetrável rosto num homem.» (pag. 12)

Poucos autores conseguem criar mundos diferentes, livros que causem impacto no leitor. O mundo «Não Humano» de Osamu Dazai é um desses mundos literários criados para nos abanar e, estranhamente, seduzir-nos a percorrê-lo e acabar a viagem.

«Tudo passa.
Essa é a única coisa que achei assemelhar-se a uma verdade na sociedade dos seres humanos onde até agora vivi como se num inferno.
Tudo passa» (pag. 122)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Arte de Chorar em Coro, de Erling Jepsen - Sinopse e primeiras páginas

O nosso novo livro estará nas livrarias em outubro e já está disponível para compra direta à Eucleia (portes grátis para todo o mundo e 10% de desconto imediato em Portugal.)
Título: A Arte de Chorar em Coro
Autor: Jepsen, Erling
Data de Publicação: outubro de 2011
ISBN: 978-989-8443-12-0
248 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g
Ficção Estrangeira: Romance
PVP: 16,43 €
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Erling Jepsen nasceu em 1956, na Dinamarca. Iniciou-se na escrita com peças de teatro em 1977 e a sua estreia enquanto romancista deu-se em 2002 com A Arte de Chorar em Coro, romance que veio a ser adaptado ao cinema e premiado em vários festivais. A sua obra tem recebido inúmeras críticas positivas e um grande reconhecimento no seu país natal, assim como em vários outros, onde está já traduzida.
Narrada por uma criança de onze anos, A Arte de Chorar em Coro apresenta-nos, através de um olhar tão ingénuo quanto perturbador, uma vila rural da Dinamarca de finais dos anos sessenta e uma família que, embora seja completamente disfuncional, é encarada pela personagem principal com toda a normalidade.
Erling Jepsen narra, com um enorme talento para o sarcasmo e o humor negro, as tentativas de um menino em ajudar o seu pai (que padece de «nervos psíquicos») naquilo que ele melhor sabe fazer: discursos fúnebres.

«Um romance muito invulgar – triste, divertido, aterrador e impossível de largar.»
Marianne Eilenberger, in B.T.

«Raramente se serve uma peça de mordaz realismo social de um modo tão atraente e com uma sensibilidade tão genuína.»
Henriette Bach Lind, in Jyllands-Posten

«Não há absolutamente nada para rir no original thriller caseiro de Erling Jepsen. Simplesmente, não se consegue evitar.»
Lise Garsdal, in Politiken

A Arte de Chorar em Coro - Primeiras Páginas

(clicar no link para ler as primeiras páginas)

Página oficial do livro no facebook: A Arte de Chorar em Coro no facebook

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Workshops de acordo ortográfico na casa da cultura de Gaia – setembro

Workshops de Acordo Ortográfico na Casa da Cultura de Gaia - Setembro
1º workshop: dias 20, 21 e 22 de setembro – sessões das 18h00 às 19h30
2º workshop: dias 27, 28 e 29 de setembro – sessões das 18h00 às 19h3o
Cada participante pode escolher, na altura da inscrição, em que data lhe convém mais participar.
Os participantes recebem um certificado.
Preço: 30,75 € (IVA incluído)
Inscrições através do e-mail workshopseucleia@gmail.com ou do tel. 922259792.
O workshop abordará os seguintes temas:
Programa
A – Introdução ao funcionamento do workshop
B – Primeiro Módulo
1 – Introdução ao Acordo Ortográfico
2 – Alfabeto
3 – Acerca do h
4 – Sequências Consonânticas
C – Segundo Módulo
1 – Acentuação das palavras paroxítonas (acentuadas na penúltima sílaba)
2 – Acentuação das vogais tónicas grafadas i e u das palavras oxítonas (acentuadas na última sílaba) e paroxítonas
D – Terceiro Módulo
1 – O hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
2 – O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
3 – O hífen com o verbo haver
4 – As maiúsculas e as minúsculas
E – Avaliação Final
F – Esclarecimento de Dúvidas

Recensão a «Um lugar chamado Oreja de Perro» e entrevista a Iván Thays no Ípsilon

Entrevista a Iván Thays, autor de Um lugar chamado Oreja de Perro, no Ípsilon de 2 de setembro de 2011. (Por José Riço Direitinho.)

 
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Recensão a Um lugar chamado Oreja de Perro no Ípsilon de 2 de setembro de 2011 (por José Riço Direitinho).

 
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Recensão a «Um lugar chamado Oreja de Perro» na revista Os Meus Livros

Recensão a Um lugar chamado Oreja de Perro, de Iván Thays, na revista Os Meus Livros de setembro de 2011.
 
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Recensão a «Não Humano» no Atual (Expresso)

Recensão a Não Humano, de Osamu Dazai, no Atual (Expresso) de 27 de agosto de 2011. Por Ana Cristina Leonardo.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

«Não Humano», de Osamu Dazai - Sinopse e Primeiras Páginas

Um dos nossos próximos livros, Não Humano, do japonês Osamu Dazai, estará nas livrarias no início de setembro, e encontra-se já disponível através da Eucleia.
Título: Não Humano
Autor: Osamu Dazai
Tradução: Ana Neto
Data de Publicação: setembro de 2011
ISBN: 978-989-8443-11-3
128 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g
Ficção Estrangeira: Romance
PVP: 12,72 €
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Osamu Dazai (1909 – 1948) foi um dos maiores escritores japoneses do século XX. Não Humano é uma obra de pendor auto-biográfico e a última escrita por Dazai, por muitos considerada a sua obra-prima e ainda uma das mais vendidas e influentes no Japão.
Não Humano explora poderosamente a alienação de um indivíduo face à sociedade, de um modo desesperante e tragicamente fatalista. Yozo, personagem principal do romance, é um jovem diferente e desajustado, cujo percurso é pautado por uma interminável busca pela compreensão do que são os seres humanos.
Não Humano apresenta-nos a imagem de um homem que carrega as suas misérias,
fraquezas e amores, como um sino de leproso pelo mundo, a imagem da nossa simples humanidade.”
The New York Times

Não Humano - Primeiras Páginas

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«Livro Ruído», de Davi Araújo – Sinopse e primeiras páginas

O nosso primeiro livro de poesia, Livro Ruído, do brasileiro Davi Araújo, estará nas livrarias no início de setembro, e encontra-se já disponível através da Eucleia.

Título: Livro Ruído
Autor: Davi Araújo
Data de Publicação: setembro de 2011
ISBN: 978-989-8443-10-6
220 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g
Poesia Brasileira
PVP: 14,84 €
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O poeta Davi Araújo nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1979. Estudou História e Jornalismo. Atuou como agente de leitura, operador de atendimento e apresentador de televisão. É redator, tradutor e revisor de textos. Manteve um blogue por cinco anos, cujos poemas editou na sua Ontologia Fonética. Participou em algumas coletâneas e revistas eletrónicas de poesia, escreveu o romance Não Fique São e os poemas em prosa de Ficções Paralelas & Visões Para Lê-las, ainda inéditos, e produz atualmente outra obra em verso. A sua estreia é este Livro Ruído.

Livro Ruído - Primeiras Páginas

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Livros da Eucleia com envio gratuito para todo o mundo

Informamos que, a partir de hoje, a Eucleia passa a vender livros com portes de envio (frete) gratuitos para todo o mundo, independentemente do país de origem, iniciativa inédita para uma editora portuguesa, e cujo objetivo é o de chegar a um maior número de leitores de língua portuguesa.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

«Um lugar chamado Oreja de Perro» na revista NS

Recensão a Um lugar chamado Oreja de Perro, de Iván Thays, na revista NS de 06/08/2011. Por Sérgio Almeida.

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Recensão a «A Casa Ancestral de L.»

Primeira recensão a A Casa Ancestral de L., de José Gonçalves Gomes, por Carla Ribeiro (A Casa Ancestral de L. no blogue As Leituras do Corvo).

«De amor em tempos de guerra, de uma criança destinada a nascer em tempos conturbados e de Catarina de L., mulher forte e determinada ante as contrariedades do seu tempo. Esta é a história de uma mulher que ama e que, apesar de todas as contrariedades, conhece a sua vontade e as formas de a conduzir através do imenso obstáculo que é o mundo que a rodeia.
Primeiro pela magia das palavras, da escrita algo elaborada mas estranhamente envolvente, e depois pela construção de um enredo que, visto pelos olhos da protagonista, se torna mais cativante quanto maiores se erguem as dificuldades, este é um livro que fascina desde as primeiras páginas e que, com o avançar da narrativa, conquista sempre um pouco mais a empatia do leitor. Isto deve-se, em grande parte, a Catarina, à firmeza da sua voz, mesmo quando marcada por momentos de uma grande emoção, e à grande luta que é todo o seu percurso, de perda e construção de vida, de amor e libertação, de uma prisão que é mais das suas próprias sombras que das paredes que a rodeiam.
Conjugando elementos históricos com uma história pessoal de grande profundidade, é algo de impressionante a forma como o autor apresenta um contexto cuidado, bem construído, sem que a exposição dos factos quebre o ritmo narrativo, mantendo constantes a envolvência e a emotividade. Contrária, por muitas vezes, à vontade da família, a posição de Catarina é delicada e as circunstâncias colocam-na, por vezes, numa situação insustentável. É nestes momentos que a sua voz se torna mais marcante, nesta necessidade simultânea de ceder à emoção e de se forçar a agir, e o equilíbrio entre estes dois extremos - mesmo perante a desilusão, mesmo perante a perda - é algo que se expressa maravilhosamente neste livro.
História de luta pessoal, da posição de uma mulher perante o mundo e do seu paralelismo com o lugar onde se encontra - também sitiada, também na necessidade de lutar - este é um livro que fascina tanto pela beleza da escrita como pela envolvência da narrativa, como ainda pela força da sua protagonista. Em todos os aspectos, uma excelente descoberta.»

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Recensões a «Garman & Worse» e a «Um lugar chamado Oreja de Perro»

Mais uma excelente recensão a Garman & Worse, de Alexander Kielland, desta vez por Mário Rufino na PNET Literatura. Para ler aqui: Recensão a Garman & Worse na PNET Literatura

E a primeira recensão a Um lugar chamado Oreja de Perro, de Iván Thays, no blogue As Leituras do Corvo, por Carla Ribeiro. Para ler aqui: Recensão a Um lugar chamado Oreja de Perro

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Apresentação de "A Casa Ancestral de L." na livraria Ler Devagar

O livro A Casa Ancestral de L., de José Gonçalves Gomes, será apresentado na Livraria Ler Devagar (Rua Rodrigues Faria, 103 - Lisboa) no próximo sábado, dia 16 de julho.

A sessão terá início às 17 horas e contará com a presença do autor e da editora Natália Reis.

A entrada é livre.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Recensão a «Memórias de um Morto» de Hjalmar Bergman no Ípsilon

Mais uma excelente recensão a Memórias de um Morto, de Hjalmar Bergman, desta feita no Ípsilon de 8 de julho de 2011 (por José Riço Direitinho).

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Recensão a «Memórias de um Morto» de Hjalmar Bergman

Algumas recensões a Memórias de um Morto, de Hjalmar Bergman.

Jornal de Notícias de dia 1 de julho de 2011, por Sérgio Almeida (também pode ser lida seguindo este link: http://www.jn.pt/blogs/babel/archive/2011/07/02/elogio-do-fracasso-em-tom-maior.aspx) :


Revista Os Meus Livros de julho de 2011:

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"A Casa Ancestral de L.", de José Gonçalves Gomes - Sinopse e primeiras páginas

Novo lançamento da Eucleia (em finais de julho nas livrarias e já disponível para encomenda direta).
Título: A Casa Ancestral de L.

Autor: Gomes, José Gonçalves

Data de Publicação: julho de 2011
ISBN: 978-989-8443-09-0

372 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g

Ficção Portuguesa: Romance

PVP: 17,49€
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José Gonçalves Gomes nasceu em 1972. Doutorou-se em Matemática e é, atualmente, professor da Universidade Nova de Lisboa. A Casa Ancestral de L. é o seu primeiro romance.

Narrada na primeira pessoa, a partir da visão de Catarina de L., esta é uma obra onde os planos ficcional e histórico se conjugam de um modo original, sem jamais resvalar para os lugares-comuns frequentemente encontrados numa história de amor em cenário de guerra. Porque é disso que essencialmente se trata, de amor e de guerra. De uma mulher cercada,
que se cerca a si mesma. De um homem que a segue incondicionalmente. De beleza que não esmorece, apesar da fome, da miséria, da degradação.

«Tenho por companhia – além da cama e do genuflexório – o Cristo crucificado. De olhar erguido ao abandono do Pai. Estremecendo ante explosões que sobre Elvas espalham a ferralha incendiária. A oração penitente que me foi ensinada, dita e redita tantas vezes quantos os meus pecados, aflora por vezes os lábios. Estranha à minha vontade, surge sem apelo, discorre seu pranto, torna por fim às catacumbas de onde emergiu. Melhor faria chorar abraçando os muros. Mas a cal conventual, que dilui o corpo, não consola. A exiguidade da cela alarga a dor. Como o fogo nas encostas, o desespero faz pasto do que alcança.»


A Casa Ancestral de L. - primeiras páginas

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"Um lugar chamado Oreja de Perro", de Iván Thays - Sinopse e primeiras páginas

Novo lançamento da Eucleia (em finais de julho nas livrarias e já disponível para encomenda direta).
Título: Um lugar chamado Oreja de Perro

Autor: Thays, Iván

Tradução: Natália Reis

Data de Publicação: julho de 2011
ISBN: 978-989-8443-08-3

232 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g

Ficção Estrangeira: Romance

PVP: 15,90€

Uma grávida que fala com os anjos, uma antropóloga que quer ser hipnotizada e sonha com correspondentes de guerra, um fotógrafo cínico e intratável, um presidente cronicamente atrasado, um amnésico que traduz Shakespeare e aprende chinês. Um jornalista que não aprende a viver sem o filho e sem a mulher, que não consegue escrever uma carta, que vagueia perdido pelo mundo, por um lugar chamado Oreja de Perro.
Um lugar chamado Oreja de Perro foi finalista do prestigiado Prémio Herralde de Novela em 2008.

Iván Thays (Lima, 1968) é um dos mais reconhecidos autores peruanos da atualidade. Contista, romancista, professor universitário, Iván Thays apresentou durante alguns anos um polémico programa televisivo sobre livros e mantém o famoso blogue Moleskine Literario.O seu talento já foi realçado por autores como Mario Vargas Llosa, Alfredo Bryce Echenique e Alonso Cueto.

FINALISTA DO PRÉMIO HERRALDE DE NOVELA 2008
“Iván Thays é um dos mais interessantes escritores que apareceram na América Latina em anos recentes.” Mario Vargas Llosa

Um lugar chamado Oreja de Perro - primeiras páginas

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Workshops de Acordo Ortográfico na Casa da Cultura de Gaia

Workshops de Acordo Ortográfico na Casa da Cultura de Gaia

1º workshop: dias 5, 6 e 7 de julho - sessões das 17h30 às 19h00

2º workshop: dias 19, 20 e 21 de julho - sessões das 17h30 às 19h00

Cada participante pode escolher, na altura da inscrição, em que data lhe convém mais participar.
Os participantes recebem um certificado.
Preço: 30,75 € (IVA incluído)

Inscrições através do e-mail workshopseucleia@gmail.com ou do tel. 9222259792.

O workshop abordará os seguintes temas:

Programa

A – Introdução ao funcionamento do workshop
B – Primeiro Módulo
1 – Introdução ao Acordo Ortográfico
2 – Alfabeto
3 – Acerca do h
4 – Sequências Consonânticas
C – Segundo Módulo
1 – Acentuação das palavras paroxítonas (acentuadas na penúltima sílaba)
2 – Acentuação das vogais tónicas grafadas i e u das palavras oxítonas (acentuadas na última sílaba) e paroxítonas
D – Terceiro Módulo
1 – O hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
2 – O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
3 – O hífen com o verbo haver
4 – As maiúsculas e as minúsculas
E – Avaliação Final
F – Esclarecimento de Dúvidas

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Apresentação de "Memórias de um Morto" em Braga

Amanhã, sábado, dia 4 de junho, pelas 18h, apresentação na Capítulos Soltos da nova obra da Eucleia Editora, Memórias de um Morto, do sueco Hjalmar Bergman, romance até agora inédito em Português.
Leitura de excertos em Sueco. Estão todos convidados.
Entrada livre.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Workshops de Acordo Ortográfico

Em junho iniciam-se os nossos workshops de Acordo Ortográfico à distância.

2 de junho é a data de início do primeiro workshop, que decorrerá até dia 20 de junho (6 sessões).

O workshop está dividido por módulos e contém exercícios. Desde que as pessoas cumpram os prazos de entrega, têm toda a flexibilidade para se organizarem segundo os seus próprios horários.
Os participantes podem tirar todas as dúvidas e receberão um certificado de participação.

Para se inscrever, envie um e-mail com os seus dados (nome completo e morada) para workshopseucleia@gmail.com com o assunto WORKSHOP ACORDO.

Preço: 20 euros + IVA

Programa:
A  – Introdução ao funcionamento do workshop
B – Primeiro Módulo
1 – Introdução ao Acordo Ortográfico
2 – Alfabeto
3 – Acerca do h
4 – Sequências Consonânticas
C – Segundo Módulo
1 – Acentuação das palavras paroxítonas (acentuadas na penúltima sílaba)
2 – Acentuação das vogais tónicas grafadas i e u das palavras oxítonas (acentuadas na última sílaba) e paroxítonas
D – Terceiro Módulo
1 – O hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
2 – O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
3 – O hífen com o verbo haver
4 – As maiúsculas e as minúsculas
E – Avaliação Final
F – Esclarecimento de Dúvidas

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eucleia é a primeira editora portuguesa a aderir à plataforma 24symbols

A Eucleia Editora aderiu ao sistema de leitura cloud reading 24symbols, tornando-se assim a primeira editora a disponibilizar títulos em Língua Portuguesa neste projeto espanhol. O primeiro título disponibilizado é A Violação das Mulas, de  Maria O.
Nesta plataforma, os utilizadores podem ler os ebooks gratuitamente.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Memórias de um Morto, de Hjalmar Bergman - Sinopse e Primeiras Páginas

Aqui ficam a sinopse e as primeiras páginas de Memórias de um Morto, romance do genial autor sueco Hjalmar Bergman. (326 páginas, PVP 18,02€)


Hjalmar Bergman (1883 – 1931) é considerado um dos maiores escritores suecos do século XX. Autor de inúmeras obras literárias, todas elas vistas como exemplos perfeitos de uma literatura sobretudo assente nas preocupações existenciais que, com ironia, uma vincada carga simbólica e a mestria narrativa que lhe é característica, delineiam e tornam único, e extraordinariamente moderno, o seu estilo pessoal.

Memórias de um Morto segue os esforços de Jan Arnberg, personagem principal do romance, para escapar à maldição que recaía sobre a sua família há já várias gerações.

«Posso estar presente durante horas sem que ninguém repare em mim. E, de repente, torno-me o ponto focal do olhar de todos, as pessoas falam comigo, louvam-me, fazem-me realizar truques. Perdi o meu nome, o meu nome de família. Sou apenas o Jan. Um belo nome curto para um cão.»

Memórias de um Morto – Primeiras Páginas

(clicar para ler)
ISBN: 978-989-8443-07-6
326 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 80g

Recensão a «Búfalo», de Botika

Escrita por Carla Ribeiro.

Blogue As Leituras do Corvo

Este não é um livro vulgar. Aqui, cruzam-se os mais improváveis elementos: um homem que, atacado por um animal, é reconstruído por um estranho cirurgião plástico; um cão que, pelas mãos miraculosas do mesmo cirurgião, é reconvertido em mulher; uma luta sanguinária entre os mais improváveis adversários; uma criança que vive num aquário... e toda uma série de figuras e acontecimentos que, posicionados no limite do impossível, criam assim uma sequência de episódios estranhamente intrigantes.
Com um estilo de escrita muito próprio, onde as mais diversas e imagens se associam numa linha de acontecimentos que oscila entre tons de quase ternura e uma violência perturbadora (com muitas outras emoções e impressões ao longo do percurso), não é propriamente uma linha narrativa aquilo que mais se destaca desta leitura. É, sim, um caminho de imagens e de impressões que, de capítulo em capítulo, criam uma sequência muito visual e precisa de situações e de emoções, num imaginário onde muito é estranho e tudo parece ser possível.
No fundo, acaba por ser o choque de todas essas imagens - tão improváveis, mas apresentadas de uma forma tão directa que quase parecem pertencer ao quotidiano de qualquer ser - que deixa uma marca depois de terminada a leitura. Depois de um contacto inicial marcado pelo choque, pelo oscilar de emoções tão diferentes, mas ligadas, afinal, pelas figuras que as vivem, é o percurso da brutalidade à ternura, com todas as suas mudanças e divergências, aquilo que realmente permanece na memória.
Não é propriamente uma leitura fácil. Com a nitidez de imagens que podem ser tão belas como cruéis, este é um livro que, seguramente, poderá abalar sensibilidades. Há, ainda assim, algo de intenso e de fascinante, passado o impacto da estranheza inicial, e esse, acima de tudo esse efeito que torna este livro tão interessante.

sábado, 23 de abril de 2011

Recensão a «Garman & Worse» no Ípsilon

Recensão a Garman & Worse de Alexander Kielland por José Riço Direitinho (Ípsilon de 22 de abril de 2011).

Mais uma excelente recensão a este livro, que pode ser lida clicando na imagem (para aumentar).

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Recensão de «O Supermacho» de Alfred Jarry por Carla Ribeiro

Apesar de o livro ainda não estar nas livrarias (mas já disponível na nossa loja), fica aqui a recensão ao livro por parte de Carla Ribeiro.

Blogue As Leituras do Corvo


«Filosofia e sexualidade, numa mistura com muito de absurdo, algo de divertido e algumas reflexões intrigantemente certeiras. São estes os elementos essenciais deste O Supermacho, livro que, nas suas cem páginas, cruza elementos tão diferentes e de uma forma tão peculiar que a reacção inicial de estranheza não pode senão dar lugar a um quase inevitável interesse.
Tendo como ponto de partida uma intrigante reflexão sobre o amor (e não, não se trata do amor romântico), cedo o rumo da obra se define como uma (algo delirante) reflexão sobre as capacidades da força humana. Ou sobrehumana. E isto aplica-se tanto às capacidades de resistência física em geral (aspecto particularmente explorado no muito interessante capítulo dedicado à corrida), mas principalmente às capacidades sexuais de um protagonista... peculiar. Na verdade, há uma interessante fusão de interesse académico e exploração carnal na linha de raciocínio (e de acção) de André Marcueil, linha que se torna mais nítida através da farsa por este planeada para consumar fisicamente o que começa por ser uma teoria muito sua.
Nada há de linear no enredo deste livro. Divagações, trocas de opiniões, actos que, na sua ambiguidade, podem ou não ser tidos como reais ganham forma num livro onde o improvável serve tanto de diversão como de reflexão. E é, no fundo, neste imaginário ambíguo, duro nalguns aspectos, enquanto que, nalguns breves momentos, consegue roçar uma certa ternura e até mesmo uma insinuação de trágica inevitabilidade, que reside a grande força desta obra, onde tudo pode ser interpretado de múltiplas e variadas formas.
Interessante, complexo (apesar da brevidade) e, ainda assim, de leitura cativante, um livro onde muito é questionado e ponderado. E, por isso, um estímulo à reflexão na memória do leitor.»

Recensão de «Garman & Worse» de Alexander Kielland por Carla Ribeiro

Mais uma recensão de Carla Ribeiro, desta vez ao livro Garman & Worse de Alexander Kielland.
Blogue As Leituras do Corvo



«Um pequeno cenário para a história de uma família complexa, feita de crises, interesses e estranhezas, de ligações inesperadas e de mudanças totais. Garman & Worse, a firma que serve de base a paixões e ódios entre os que conhecem as figuras por detrás do nome. E uma caminhada em progressiva decadência, no que parece ser uma história de amores e de sonhos, mas que cedo se revela como um retrato duro e directo de uma sociedade onde a palavra de ordem parece ser resignação.



Este é um livro exigente em múltiplos aspectos. Primeiro, o ritmo essencialmente pausado da narrativa, onde cada aspecto é explorado na sua mais ampla vertente, exige uma leitura atenta e paciente. Os momentos de impacto são intensos e marcantes, mas a história é tão feita destes episódios como das pequenas circunstâncias que os unem. Além disso, existem ligações entre os diversos intervenientes desta história que apenas numa fase mais avançada da leitura se tornam completamente evidentes. Por último, também do ponto de vista emocional esta leitura se torna algo exigente, na sua progressiva evolução no sentido da renúncia ante algo inevitavelmente perdido, de uma vida que continua, mas onde a marca inevitavelmente ficará.

E, contudo, são estes mesmos aspectos que tornam este livro fascinante. Ao intercalar os grandes momentos com as pequenas coisas do quotidiano, a narrativa torna-se num retrato preciso de tempo, gentes e local. Ao caminhar na direcção da perda e da resignação, a história torna-se real, já que muito dificilmente as tragédias de cada um passam pela vida sem deixar cicatrizes. E até a forma como os idealismos iniciais acabam por quebrar, culminando num final que ganha mais impacto pela forma como, sem grandes dramas, a perda é simplesmente assimilada.

Dificilmente se tratará de uma obra de leitura compulsiva. Exige atenção, exige uma disposição adequada e, sem dúvida, exige algum tempo para assimilar todos os sentidos de cada acontecimento. É, ainda assim, uma leitura que marca pela beleza e pelo detalhe da escrita, bem como pelo realismo com que o inevitável é recebido na narrativa.»


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Recensão de «Os Contos Completos de Ambrose Bierce» – Partes 4 e 5 (Final)

Aqui ficam as 4ª e 5ª (e última) partes da Recensão de Os Contos Completos de Ambrose Bierce por Carla Ribeiro.

Blogue As Leituras do Corvo - 4ª parte da Recensão


«Dando continuidade, ainda mais uma vez, a esta longa opinião, passo para o conto A Falsa Reputação, uma curiosa visão acerca das potencialidades de um rumor mal-intencionado, exploradas de uma forma breve, mas deveras intrigante. Ao qual se segue Um Tipo de Oficial, novamente uma história de guerra, desta vez centrada na inviolabilidade das ordens. Um conto interessante, que tem no final de impacto o seu principal ponto forte.
O Rastro de Charles Ashmore, breve história de um desaparecimento, surge como uma ideia interessante, mas que deixa bastante por explicar. E, também breve, mas marcado por um certo impacto e ambiente cativante, Presente num Enforcamento fala de uma aparição relacionada com uma morte misteriosa.
Obsessão pelo ouro, ligações invulgares e a profanação de um túmulo são os elementos na base de Uma Mulher Endiabrada, um conto bastante descritivo, mas de grande intensidade nos momentos de maior relevância.
Segue-se Uma Aventura em Brownville, a história de como uma paragem no caminho de um professor lhe proporciona uma visão inesperada. Misterioso, de ambiente sombrio e bastante surpreendente, um conto intrigante, também pelo que é deixado à imaginação do leitor.
O Salto Mortal de Mr. Swiddler apresenta o percurso de uma dura viagem para impedir uma execução. Intenso e com um final impressionante, um conto que deixa a sua marca. E, também surpreendente com o seu final inesperado, Mr. Mastead, Jornalista, uma curiosa história de jornalismo duvidoso, cativa pelo tom intrigante de toda a narrativa.
História de roubo e de morte motivada por algo tão simples como uma caixa de música, Uma Conflagração Imperfeita é um conto que, apesar da simplicidade talvez excessiva de alguns momentos, proporciona uma leitura envolvente e intrigante. O mesmo se aplica a Uma Identidade Reassumida, um difícil regresso à consciência e à memória de uma vida breve, numa interessante visão de recordações para além da morte, vistas pela mente do próprio morto.
A Falência de Hope & Wandel traz a história de um investimento mirabolante e suas consequentes desventuras, numa troca de correspondência breve, mas improvável e divertida. Já Um Diagnóstico de Morte adquire um tom mais sério, na história envolvente, intrigante e particularmente marcante na forma de expor a situação de uma aparição muito especial.
Mais um conto breve, mas com uma base interessante, Uma Emboscada Frustrada liga de forma intrigante uma cilada e uma visão.
Segue-se uma outra história de jornalismo duvidoso. Subornando a Imprensa é particularmente interessante pelo seu tom estranhamente divertido, apesar do final um pouco abrupto. Ainda outro breve relato, este de uma fuga e captura. Uma Detenção não é um conto muito desenvolvido, mas marca pela intensidade e pela surpresa final.
Um Filho dos Deuses apresenta a história de um herói em tempos de guerra, num conto que, apesar de bastante descritivo, ganha intensidade na expressiva admiração que se reflecte no tom do narrador. O Porquê de Não Estar a Editar o The Stinger, por sua vez, reúne um estranho, um jornal e uma confusa comunicação por bilhetes num conto peculiar, mas estranhamente interessante no seu cenário improvável.
E termino esta parte com O Segredo de Macarger's Gulch, onde um caçador num ambiente estranho encontra uma visão demasiado real. Pausado e misterioso, um conto envolvente.

A parte final desta opinião fica ainda para um futuro post.»


Blogue As Leituras do Corvo - 5ª parte da Recensão
 
«Longa que vai esta opinião, começo esta quinta (e última) parte com o conto Em Casa do Velho Eckert, breve aventura no local de um desaparecimento. Uma história misteriosa, envolvente e que, como parece ser típico do autor, deixa bastante em aberto.


O Candidato apresenta os meandros do funcionamento de um lar de idosos, em alturas de um regresso... especial. Com bastante de divagação e um tom algo amargo, uma poderosa reflexão sobre caridade e gratidão (ou falta de). Já George Thurston, reflecte valores bem diferentes, ao apresentar, nos principais factos da vida de um homem invulgar, uma marcante visão de coragem, má sorte e firmeza perante o fim.
Segue-se Jupiter Doke, Brigadeiro-General, onde uma nomeação invulgar, múltiplas manobras de guerra e uma correspondência elaborada estão na base de um conto que começa por ser algo confuso, mas que apresenta vários detalhes interessantes.
Ilusionismo, hipnose e encontros indesejados são a essência de O Reino do Ilusório, um conto intrigante e surpreendente, onde as aparências iludem. Em Duas Execuções Militares, por sua vez, os elementos centrais estão na inexperiência militar e suas consequentes falhas disciplinares como base para uma execução precipitada. Aqui, o mais marcante é precisamente o contraste entre inocência e inevitabilidade que transparece ao longo de todo o conto.
Vaca Escovada é a história de uma vaca temperamental. Curioso, improvável, mas cheio de estranhas peripécias, um conto divertido contado num tom estranhamente sério. Um Homem com Duas Vidas, história de uma missão fatal e de uma existência impossível, é também um conto intrigante, com algo de agradavelmente enigmático, ainda que pudesse, talvez, ganhar forças num maior desenvolvimento da história.
Já aqui comentado anteriormente, O Meu Homicídio Favorito apresenta a história de uma morte cruel como defesa para um outro crime, num conto que tem como principais pontos de impacto a visão de uma justiça incapaz e a completa insensibilidade do narrador perante os seus actos.
História de morte contada a três vozes, A Estrada Iluminada pelo Luar é um intrigante conto de tensões, medos e suspeitas, contado num tom sombrio e perturbador.
Segue-se A Dificuldade de Atravessar um Campo, mais um conto breve, este sobre um desaparecimento onde, mais uma vez, muito é deixado por explicar. Também breve, Os Outros Hóspedes relata uma noite de hospedagem num local de frequentadores... estranhos. Um conto intenso e arrepiante.
Viagens marítimas, leituras invulgares e visões improváveis caracterizam Um Naugrágio Psicológico, conto intrigante e envolvente, com (ainda mais uma vez) muito em aberto na sua conclusão. Já O Homem e a Serpente, conto sobre o magnetismo no olhar das serpentes (e suas aplicações práticas), surge como um texto bastante desenvolvido e descritivo, num tom intrigante e com um final surpreendente.
Também bastante descritivo e de final impressionante, segue-se O Estranho, história de um visitante com algo para contar. Ao qual sucede Um dos Gémeos, um conto sobre a relação profunda entre gémeos e sua manifestação nas mais adversas circunstâncias. Intenso, de seriedade crescente e com um final marcante.
A História do Major apresenta, simplesmente, uma partida no tempo em que estas estavam na moda. De ritmo pausado e com uma certa dispersão, marca essencialmente pela voz narrativa intrigante. O Batismo de Dobsho, por sua vez, trata de uma estratégia mirabolante para impedir um batismo. Estranho e improvável, mas cativante e divertido.
Muito breve, mas de grande intensidade, Um Cumprimento Frio traz uma saudação do mundo dos mortos. E, ainda sobre mortos, Uma Luta Violenta apresenta uma vigília nocturna na companhia de um cadáver, num conto sombrio, bastante descritivo e de conclusão surpreendente.
Uma Trepadeira Numa Casa junta uma casa assombrada, uma planta imponente e uma raiz... invulgar, numa ideia bastante interessante, mas que deixa também muito por explicar.
E continuando nas assombrações, também em O Dedo Médio do Pé Direito temos uma casa assombrada como cenário essencial, desta vez para um duelo na escuridão. Mais um conto que abre em tom de divagação, mas com uma ideia bastante cativante e uma conclusão... imprevista.
O último conto do livro é O Homem que Saía do Nariz e tem como pontos centrais uma casa em forma de rosto e a história dos seus habitantes. Impressionante pela forma como um gesto quotidiano se revela, afinal, como a marca de uma tragédia pessoal, um conto particularmente marcante.

Em jeito de conclusão... Uma leitura demorada, tanto pela quantidade de contos incluídos nesta edição como pelo próprio estilo de escrita do autor, bastante exigente em termos de atenção. Ainda assim, um livro em que, alternando entre tons sombrios, profunda amargura e um certo humor negro, cada um dos contos tem algo de interessante para mostrar. Um livro, em suma, para apreciar aos poucos, mas que vale cada hora que lhe seja dedicada. Fazia falta uma edição assim.»

sábado, 26 de março de 2011

O Supermacho, de Alfred Jarry - Primeiras Páginas e Sinopse

O Supermacho de Alfred Jarry estará nas livrarias em abril (mas pode já ser encomendado diretamente à Eucleia, pois já está pronto - PVP: 10,60 €, portes grátis).

Aqui ficam as primeiras páginas e o texto de contracapa.



Alfred Jarry (1873 – 1907) foi um escritor francês, particularmente conhecido pelas suas peças Ubu, considerado um genial novelista e precursor do teatro surrealista.

O Supermacho, novela divertida, delirante e provocadora, revela bem os principais traços da obra do autor, controversa, subtilmente marcada por um estilo de ímpar sensibilidade metafórica e de uma modernidade incomparável.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Recensão de «Os Contos Completos de Ambrose Bierce» - Parte 3

3ª parte da recensão de Os Contos Completos de Ambrose Bierce por Carla Ribeiro. Bem escrita e detalhada, como é hábito da Carla. E teremos mais pela frente…



Retomo, mais uma vez, esta longa opinião no ponto onde a deixei no último post dedicado a este livro. E o conto que se segue é Uma Senhora de Redhorse, onde uma algo peculiar atracção amorosa é contada pela voz de uma mulher. Estranho nalgumas partes, este conto é particularmente intrigante e cativante nas relações estabelecidas com o passado.

Em Chickamauga, a história é a de uma criança perdida e de uma visão perturbadora, num conto particularmente impressionante pela forma como um imaginário inicialmente idílico vai cedendo lugar à negrura, num intenso contraste entre inocência e macabro. Já em O Viúvo Turmore, o protagonista é um homem sem escrúpulos, que descobre que o seu plano de assassinar a mulher não é, afinal, tão infalível como julgara. Intrigante e algo sombrio, o mais marcante neste conto acaba, contudo, por ser o lado peculiar de toda a situação.
Uma Mensagem sem Fios trata de uma visão premonitória ligada a um acontecimento terrível, sendo uma história que, apesar da sua brevidade, abala pela nitidez das imagens. Em A Cidade dos que Partiram, por outro lado, são os malefícios do trabalho que servem de base a um peculiar e enigmático conto, em jeito de reflexão sobre a morte e os seus sagrados rituais.
Uma Corrida Inacabada, que, como o título indica, trata de uma corrida com um final inesperado, surge também como uma ideia bastante interessante, mas que peca pela brevidade. Já o conto seguinte, O Vale Assombrado, é bem mais detalhado. Esta história de um indivíduo peculiar, com um ódio visceral por asiáticos, começa de forma algo confusa, mas torna-se marcante pelas grandes revelações associadas aos motivos de tal ódio, bem como pela conclusão estranhamente tocante.
Segue-se Três Mais Um são Um, uma história de abandono motivado por ideais e de um regresso tardio. Um conto onde a guerra é apenas a base de uma história sobre escolhas e as suas consequências.
Uma Sepultura de Fundo fala de como a morte súbita de um inventor altera as vidas da sua estranha família. Invulgar, improvável, mas estranhamente divertido, um conto negro, mas invulgarmente leve. Bem mais sério, O Amo de Moxon trata da história de uma máquina de xadrez, bem como da possibilidade de consciência nos autómatos. Reflexões interessantes, uma história envolvente e um final de impacto são as principais forças deste conto que é, na sua totalidade, magnífico.
Haïta, o Pastor conta a história de um jovem pastor e da sua relação com as divindades. Impressionante pela quase terna ingenuidade do protagonista, pela visão dos deuses caprichosos e pela natureza associada à inconstância da felicidade. Toda uma mensagem sob a forma de narrativa.
O Pequeno Conto resume-se à história de um conto e suas sucessivas alterações, numa ideia intrigante e bastante peculiar, ainda que talvez pudesse ter sido mais longamente explorada.
Segue-se Um Carregamento de Gatos, conto sobre um navio que transportava uma vasta quantidade de felinos e dos incidentes que nessa viagem ocorreram. Um conto estranho, marcado por uma certa crueldade, mas onde os aspectos mais improváveis do enredo são o que, de facto, chama a atenção.
Mais um conto particularmente marcante. Um Incidente nos Postos Avançados apresenta a história de um homem que, movido pelo simples desejo de morrer, se alista no exército. Intenso nas descrições de guerra, profundo nas emoções, um conto de profunda beleza e muitíssimo bem escrito.
De uma janela e do que atrás dela se esconde fala A Janela Entabulada, um conto de ritmo bastante pausado, mas de final intenso, numa interessante visão da morte e do luto. E ainda sobre morte, mas num ponto de vista bem diferente, O Relógio de John Bartine, onde um relógio, a sua história e uma superstição talvez justificada estão na origem de um conto envolvente, de ritmo progressivamente mais intenso e final marcante.
Um dos Desaparecidos traz a história de um soldado corajoso numa situação extrema. Neste conto, é o crescendo de intensidade que torna a evolução do enredo progressivamente mais angustiante, tornando a iminência da morte numa presença quase palpável.
Por último (para já), Um Vigilante Junto ao Morto fala de uma aposta invulgar… de concretização sinistra. Mais um conto de ritmo pausado, mas onde o principal ponto de interesse reside no contraste entre os diferentes momentos da narrativa.

A minha opinião sobre este livro continuará num futuro post.

terça-feira, 15 de março de 2011

Eucleia Editora lança ebooks sem DRM – Passatempo

A Eucleia Editora vai começar a disponibilizar os títulos do seu catálogo em formato ebook, sob a forma de ficheiros ePub sem DRM. Para assinalar esta bem-vinda iniciativa, o Ler Ebooks, em parceria com a Eucleia Editora, oferece aos seus leitores aquele que vai ser o primeiro ebook da editora, a novela portuguesa A Violação das Mulas de Maria O. Para isso, apenas tem de responder corretamente à seguinte pergunta, sob a forma de comentário ao post do Ler Ebooks: «Onde fica a sede da Eucleia?» Os autores das três primeiras respostas corretas receberão gratuitamente o ebook no seu endereço de correio eletrónico.

A Eucleia inicia assim a edição em formato digital, que será paralela à edição em papel. Os ebooks serão disponibilizados em todos os livros para os quais a Eucleia possua os direitos necessários para tal e que considere relevante publicar em tal formato.

Os ebooks terão o formato ePub e não terão DRM, pelo que podem ser lidos e convertidos em qualquer software ou e-reader.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Alfred Jarry, autor do nosso próximo lançamento

O nosso próximo lançamento será uma obra de Alfred Jarry. Jarry (1873 - 1907) foi um genial novelista e dramaturgo francês, precursor do teatro surrealista com as suas famosas peças Ubu.
 
Iremos publicar uma das suas mais divertidas e marcantes novelas.
Em breve.
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Recensão de «Garman & Worse» na revista Os Meus Livros

A recensão da revista Os Meus Livros a Garman & Worse, de Alexander Kielland, publicado pela Eucleia em janeiro, acaba de sair (edição de março da Meus Livros). A recensão é muito positiva e realça a tradução cuidada e a importância da obra.

terça-feira, 1 de março de 2011

Garman & Worse e A Violação das Mulas no JN

Mais uma recensão de A Violação das Mulas e uma referência a Garman & Worse no Jornal de Notícias do dia 28 de fevereiro.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mais uma recensão de «A Violação das Mulas» – Revista NS

Mais uma recensão muito positiva a A Violação das Mulas, desta vez por Sérgio Almeida, na revista NS de hoje (26 de fevereiro).

Recensão de «Os Contos Completos de Ambrose Bierce» – Parte 2

Segunda parte da recensão de Os Contos Completos de Ambrose Bierce, por Carla Ribeiro. Uma verdadeira epopeia em forma de recensão.

Blogue As Leituras do Corvo

«Continuando a incursão no mundo invulgar e por vezes improvável do imaginário de Ambrose Bierce, no ponto onde terminou o primeiro post dedicado a este livro, segue-se o conto Morto em Resaca, a história de um homem demasiado corajoso e de como encontrou o seu fim. É particularmente impressionante a forma como o autor mantém em suspenso os motivos do protagonista, para depois surpreender com uma conclusão poderosa.
O Funeral de John Mortonson apresenta, como o título indica, uma breve descrição de um funeral... mas com um twist inesperado. Marcante pela intensidade com que o autor fala da morte, numa força que contrasta com as particularidades do final. Já em A Corrida em Left Bower, o tema são as corridas de cavalos, num desafio em que um dos animais é invulgar. Uma história interessante e cativante, ainda que com algo de bizarro.
Mais um conto particularmente marcante, O Golpe de Misericórdia. No rescaldo de uma batalha, impõe-se cuidar dos feridos e enterrar os mortos. Mas há feridos para os quais a única salvação está no termo do sofrimento e é essa a base deste conto intenso, de grande força emotiva e que marca principalmente pela forma como o dilema de matar por piedade é apresentado.
Um Jarro de Xarope apresenta a história de um homem tão consciencioso que mesmo depois de morto, continua a atender os seus clientes. Algo improvável a forma como a situação é apresentada, mas o resultado é, ainda assim, envolvente e de leitura agradável. Já em Um Aviso Providencial, onde uma aposta, um aviso e uma égua de corrida estão na base de uma história onde a sorte parece ser soberana, há algumas pontas soltas, apesar do interesse da linha narrativa.
Segue-se A Ilha dos Pinheiros, mais um caso de um morto que se recusa a permanecer imóvel, desta vez aliado a uma morte inexplicável. Breve, mas de leitura envolvente, um conto com vários detalhes curiosos.
Em Um Oficial, Um Praça, um regimento liderado por um oficial inexperiente enfrenta uma batalha em vias de suceder. Há algo de cativante no tom de descontracção inicial que cede lugar a uma tensão crescente, para despertar uma mais intensa introspecção.
Para Lá da Parede é a história de um reencontro e de uma estranha paixão, com elos de sobrenatural, ligada à manifestação inexplicável do som de batidas na parede. Com um ritmo pousado, mas uma história que se torna progressivamente mais intensa, um conto envolvente com um final poderoso.
Em O Famoso Legado Gilson temos, mais uma vez, uma execução iminente, como ponto de partida para um interessante conto sobre uma inocência duvidosa e ligações que permanecem para lá da morte. E em O Homem Borda Fora retoma-se a estranha ligação entre navios e literatura, num conto marcado pelo surreal e pelo improvável, mas que tem como aspecto particularmente curioso a ligação estabelecida com outros contos do autor.
A Coisa em Nolan parte de um desentendimento familiar como pretexto para um homicídio, num conto com uma ideia bastante interessante e explorada de forma envolvente, mas que parece deixar bastante por explicar. Por sua vez, O Caso em Coulter's Notch retoma a sempre recorrente temática da batalha, desta vez na narração de um feito impressionante executado por alguém de lealdades ambíguas. Trata-se de um conto bastante descritivo no que toca aos pormenores do conflito, mas também de uma história bastante interessante.
Um Encargo Infrutífero trata de uma incursão numa casa assombrada. Mais uma vez, há coisas que ficam por explicar, mas a descrição dos acontecimentos sobrenaturais é particularmente intrigante. E, no mesmo tema, O Ambiente Adequado liga a história de uma suposta casa assombrada e o efeito do ambiente certo na apreciação de uma obra literária, num conto envolvente e cheio de surpresas, onde nada é o que parece.
Os Olhos da Pantera é, na sua essência, uma história de loucura... ou talvez algo de consideravelmente mais estranho. É, de qualquer das formas, um conto misterioso, com algumas surpresas, e que cativa principalmente pelo seu tom sombrio. Também A Coisa Maldita envolve algo de inexplicável, desta vez uma criatura associada a uma morte violenta. Trata-se de um conto bastante rebuscado, mas que tem como ponto alto o humor aplicado na descrição do interrogatório.
Por último nesta segunda parte, temos O Hipnotizador, a história de um homem capaz de exercer sobre qualquer ser humano a sua influência. Trata-se de mais um conto que impressiona essencialmente pela notória insensibilidade do protagonista, aparentemente incapaz de conceber o conceito de maldade.

A minha (longa) apreciação deste vasto e intrigante livro continuará num próximo post.»

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Búfalo está pronto...(algumas fotos)

O nosso novo livro, Búfalo, de Botika, está pronto.
Estará nas livrarias em março, mas pode já ser encomendado diretamente à Eucleia (portes de envio registados gratuitos para todo o país).
Aqui ficam algumas fotos (amadoras, como se vê…):





quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Recensão de «Os Contos Completos de Ambrose Bierce» - Parte 1

Mais uma recensão da nossa "habituée" Carla Ribeiro, desta feita de parte de Os Contos Completos de Ambrose Bierce. Como sempre, uma recensão bem escrita e fundamentada.
Blogue As Leituras do Corvo

«Uma explicação prévia... Tratando-se de um livro que reúne um total de 92 contos, poderão imaginar a dimensão de um comentário que abrangesse cada um dos textos. Assim, este interessante livro, de conteúdos tão diversos como cativantes, será objecto de vários posts ao longo dos próximos dias, de modo a percorrer a minha opinião sobre cada um dos contos sem que o referido comentário se torne demasiado cansativo.

Começo portanto com A Morte de Halpin Frayser, onde um homem se descobre numa floresta... para se ver face a face com uma ameaça tão mais assustadora por não pertencer ao mundo dos vivos. Um conto misterioso e envolvente, fascinante nas descrições mais sombrias, mas principalmente na medida de inexplicável que deixa no ar.
Parker Adderson, Filósofo conta a história da última noite de um prisioneiro de guerra e da sua peculiar visão da morte. Curiosa a forma como o autor mistura filosofia, uma certa dose de humor e algumas acções imprevisíveis para criar uma história surpreendente.
Segue-se As Atividades Noturnas em Deadman's Gulch, onde, numa noite clara, o único habitante da localidade recebe um hóspede. E conta-lhe uma história. Descrições precisas, que dão vida a um episódio estranho e bastante enigmático, onde parte do mistério é deixado à imaginação do leitor são a principal força deste conto.
O Tordo-dos-Remedos apresenta um sentinela perdido no próprio posto, atormentado pelo som de movimentos na escuridão. Intrigante, impressionante na descrição das percepções nocturnas e com um final surpreendente, ainda que um pouco abrupto.
Uma Recordação de um Naufrágio, por sua vez, conta a história de um homem cruel num navio prestes a afundar-se, num conto breve, mas que impressiona principalmente no retrato da insensibilidade do narrador/protagonista.
Mais uma história de fantasmas, desta vez Um Pequeno Vagabundo. Particularmente marcante pela força das descrições, apesar de um início algo confuso. Escrito, ainda assim, de forma impressionante e com um final lindíssimo.
Segue-se o meu conto preferido de entre os referidos nesta primeira parte. A História de uma Consciência decorre, mais uma vez, em cenário de guerra e apresenta a história de uma vida salva no passado, e a visão de um reencontro como causa de morte. Intenso, com uma escrita soberba, mas marcante acima de tudo pela força de princípios que representa.
Um Habitante de Carcosa apresenta uma descoberta de valor incalculável, mas também uma interessante visão da morte e do além-morte. Intrigante, envolvente, com descrições magníficas e um final de impacto. Uma Revolta dos Deuses, por sua vez, fala de um desentendimento familiar... de dimensões catastróficas. Sarcástico, com algo de surreal, um conto particularmente divertido.
É com uma execução iminente que abre Um Acontecimento na Ponte de Owl Creek. Um relato de luta contra a morte, bastante descritivo, mas intenso, sendo particularmente impressionante a descrição da luta pela sobrevivência, cujo impacto se torna mais forte ante a revelação final.
A Alucinação de Staley Fleming conta como um homem apela à ajuda de um médico para afastar o que julga ser uma alucinação recorrente. A ideia é bastante interessante, ainda que a brevidade do conto deixe a sensação de uma tensão menor que a que poderia ser transmitida ao leitor.
O Comandante do Camel é a história de uma expedição atribulada. Com bastante de improvável mas com um humor intrigante, uma interessante visão dos efeitos secundários da suposta literatura "popular".
Um Cavaleiro no Céu começa com um sentinela adormecido, seguindo para uma visão impressionante e um dilema entre dever e emoção. Muito bem escrito e com descrições cativantes, uma boa história, apesar do final algo abrupto.
Ainda os fantasmas, em A Casa Fantasma, apresentando a inevitável visita a uma casa assombrada. Sombrio e intenso, apesar da brevidade do texto e de alguns elementos mais previsíveis.
Termino com o conto Óleo de Cão, uma variante particularmente sinistra do fabrico do produto que dá nome ao texto. Uma história perturbadora, principalmente pela forma quase descontraída com que o narrador apresenta toda a situação.

Vai longo o comentário, pelo que, por agora, me fico por aqui. Esta opinião continuará em futuros posts.»

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Búfalo, de Botika: Sinopse e Primeiro Capítulo

Búfalo, de Botika, estará pronto na próxima semana. Estará disponível nas livrarias portuguesas em março, mas pode ser encomendado pela internet ou telefone diretamente à Eucleia (usufruindo dos habituais desconto e portes gratuitos para todo o país) a partir da próxima semana, estando nós já a aceitar pré-encomendas (sem necessidade de pré-pagamento).
Podem ler aqui o texto de contracapa e as páginas correspondentes ao primeiro capítulo do livro.


 


Brilhante, original e arrebatador. Búfalo é violência e ternura, é caos e ordem, perfeição, humor e amor. Escrito num ritmo alucinante e pleno de inteligentes e poderosas metáforas e de imagens que conduzem o leitor a uma experiência literária única e marcante no panorama da Literatura contemporânea.





Botika é um jovem escritor, músico e produtor cultural brasileiro. Búfalo é o seu segundo livro.



«O umbigo aparece como a cereja no bolo. A barriga estava lisa e deus chorou uma lágrima de satisfação pelo trabalho realizado com êxito. A lágrima de deus caiu ali na barriga dela e fez-se o umbigo. Deus, com mais emoção ao observar seu último feito intuitivo, chorou um temporal. Temporal esse que me acordou e acordou todo o mundo paralisado. O beco voltou a ser beco com vida e quando me dei conta estávamos, eu e a mulher, ajoelhados frente a frente tomando o temporal divino e pesado sobre nossos corpos. Com as pupilas em ótimo estado pude reparar o bico de nossos narizes se aproximando até o toque. Não havia acontecido na existência do universo um toque de ponta de nariz como aquele. Era amor à primeira e à segunda vista. Micro big bang aflorado e se expandindo. Dupla sertaneja no auge do sucesso. Duas almas se encostando pela primeira vez. O máximo do belo. Tudo o que é dois acontecendo junto. Mantivemos aquela mesma posição por horas a fio, unificados somente pelas pontas dos narizes. Permanecemos nos beijando daquela forma. Nosso primeiro beijo foi assim, pelo nariz.»