quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Garman & Worse, de Alexander Kielland

Já está escolhida a capa para o nosso novo lançamento. Aqui fica, juntamente com a sinopse.
O livro estará disponível na segunda quinzena de janeiro.

 

            Alexander Lange Kielland (1849 – 1906) é considerado um dos quatro maiores escritores noruegueses de sempre, a par de nomes como Henrik Ibsen, Bjørnstjerne Bjørnson e Jonas Lie.
            Garman & Worse é o seu primeiro romance, onde se notam já todas as características que viriam a definir a sua escrita, de um tom anti-clerical, pró-feminista, crítico e impregnado de um sentido de  humor subtil, típico dos nórdicos. Nele é abordada a história de duas famílias e suas relações humanas e sociais, num registo pleno de atualidade e construído sobre um vasto leque de   marcantes personagens. 
            Esta é a primeira tradução de Kielland para a Língua Portuguesa.

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            «Nada é tão ilimitado quanto o mar, nada tão paciente. Carrega às suas largas costas, como um elefante amigável, os minúsculos anões que trilham a Terra; e tem nas suas vastas e frescas profundezas lugar para todas as lamentações do mundo. Não é verdade que o mar é traiçoeiro, pois nunca prometeu nada: sem exigências, sem obrigações, livre, puro e autêntico bate o grande coração, o último saudável num mundo doente.
            E enquanto os anões esforçam os olhos para ver acima dele, o mar canta a sua velha canção. Muitos mal a percebem, mas nunca dois a entendem da mesma forma, porque o mar tem uma palavra diferente para cada um que se coloca cara a cara consigo.»

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Crítica ao Livro «A Violação das Mulas»

A primeira crítica ao livro A Violação das Mulas foi escrita por Carla Ribeiro, e pode ser lida aqui ou no seu blogue:

«Provocador. Se necessário fosse descrever este livro numa só palavra, então essa seria a ideal para caracterizar esta história onde, num cenário algo exagerado (mas com um estranho poder de evocação da realidade), o mais estranho e o pior deste país são retratados.
O ponto de partida a figura de Quim Tiliano, que, com as suas esculturas exageradamente sexuais, serve de base para uma apresentação da eficiência (ou falta de) do sistema autárquico, e que, com a estranha relação que mantém (e desenvolve) com a mulher, a empregada e o amigo gay, representa o mais peculiar das relações humanas. E é a partir deste grupo de personagens que se desenvolve uma história curiosa, divertida e onde o sarcasmo serve de base para um nível bastante interessante de crítica social.
Dificilmente será um livro para todos os gostos. O recurso ao calão, ainda que faça todo o sentido no cenário que é traçado ao longo de todo o livro, é um elemento constante e, por isso, não recomendaria este livro às pessoas que se possam sentir incomodadas por este tipo de linguagem. Para os restantes, contudo, esta história breve, mas cheia de reviravoltas e de situações caricatas (desde o vizinho com o seu telescópio ao momento de "contacto" entre o Presidente e o seu assessor) proporcionará uma leitura divertida e muito interessante.
Envolvente, surpreendente e com um humor delicioso, um livro potencialmente chocante... mas também uma leitura muito agradável. Muito bom.»
Carla Ribeiro